Marido Carinhoso
Cheguei em casa as três horas da tarde, eu havia saído do
trabalho as treze, mas por conta de um engarrafamento causado por um acidente
entre dois carros, tive uma tarde infernal. O calor estava insuportável, e eu,
caindo de sono.
Tomei banho e me deitei na cama apenas enrolada na toalha, pensando em como o dia tinha sido estranho e assustador.
Tomei banho e me deitei na cama apenas enrolada na toalha, pensando em como o dia tinha sido estranho e assustador.
Nunca presenciei tantos acidentes em um único dia. Primeiro,
o pneu traseiro do meu carro furou, e no exato momento em que parei no
acostamento, um motoqueiro avançou o sinal vermelho e deu de frente com uma van
que entrou na contramão. Tenho certeza que se o meu pneu não tivesse furado, eu
teria sido atingida pela van.
Depois, um motorista mal-educado me cortou quando eu ia
estacionando meu carro. O filho da mãe me roubou a vaga na maior cara de pau.
Nem tive tempo de encontrar outro local vazio para estacionar, na verdade,
ainda estava manobrando o carro quando me assustei com o forte estrondo, e o
barulho de vidro se quebrando. Alguém acabara de se atirar da janela do décimo
quinto andar, e a pessoa caiu bem em cima do carro do motorista ladrão de
vagas. Ele tinha acabado de sair do carro, ficou com as duas mãos na cabeça,
olhando para o cadáver e o estrago que o causara. E eu, fiquei horrorizada com
a cena que acabara de presenciar. Era para eu estar naquela vaga de
estacionamento. Será que meu anjo da guarda estava me protegendo da morte? Agora
deitada em minha cama e lembrando de tudo o que aconteceu durante o dia, começo
a acreditar que sim, os anjos realmente existem.
Fosse como fosse, depois de tudo aquilo, cheguei no trabalho
com os nervos à flor da pele. Precisei tomar uma água e respirar fundo, antes
de receber meu primeiro paciente. Como psicóloga, eu deveria estar calma para
atendê-los. E repeti a mim mesma, que tudo aquilo não passara de coincidência. Todos os dias pessoas tiram a própria vida e
acidentes acontecem. Tinha oito consultas agendadas para aquela manhã, sendo
que um, acabou cancelando de última hora, por isso pude voltar para casa mais
cedo.
Adormeci segundos depois de repassar meu dia, deitada de
frente para a parede. De repente, acordei com as carícias de meu marido
percorrendo meu corpo nu, e seus suaves beijos em minha nuca. Ele sempre me
despertava com seus beijos carinhosos. E eu nunca reclamava de suas carícias
provocantes, por mais que estivesse me sentindo cansada. Nos apaixonamos desde
o primeiro momento em que nos conhecemos.
— Amor, você é pesado, sai de cima de mim! — murmurei ainda
sonolenta.
Senti seu corpo frio se afastar de minhas costas e ouvi o
som da porta do quarto bater quando ele saiu. Sentei sobressaltada na cama,
olhando em volta, exasperada. Lembrando que, eu já estava viúva há cinco anos.
Esse foi o primeiro microconto sobrenatural do blog Livrologando com Ane Chaves
Ainda teremos muitas novidades por aqui,estou começando a escrever microcontos agora, por isso, não tenho muita experiência. Mas eu sou uma autora que ama escrever, as ideias surgem e apenas dou vida a elas escrevendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário